Monday, March 19, 2007

Alcances


Tal o capricho da natureza, a origem é um mistério. De onde existem sementes, na escuridão vegetal. Como nascem plantas. Para que brotam ramos, espasmos de luz cromática.
Ainda és jovem rebento. Hás-de crescer. Tronco forte, terás filhotes como tu. E, embriagado pelo despeito de não te atingir, dirá um miúdo ao engano: São verdes, não prestam.Apenas um nó com pétalas de roxo/azul, em fileira de tonalidades esverdeadas. Sobre fundo negro. Uns botões alvos, na ponta, por abrir. E alguns espinhos, para o que der e vier.Estás ao alcance da mão. Poderei chegar-te. Desfolhar-te, desflorar-te. Serás apenas uma haste nua. Crescerás ferida, sem graça. Nessa altura eu estarei mirrado. Incapaz de ti. Aparece de algures. Faz-se à imagem. Em ramalhete, falta-lhe tocar o outro lado. Não passa de uma ponta pendente. Flora animada, jóia abstracta. O que for, logo se verá.
02FEV2007

Alternativas



Com graciosidade, traça um risco contínuo através da vastidão etérea. Em breve se esbaterá. Mas entre o acto de ousar e a oclusão do rasto, exibe-se a volúpia do instante. Como se olhar suspendesse em foto fixa a vertigem da velocidade.Perícia de piloto. Domínio da mecânica. E o estro humano a ganhar asas numa acrobacia da existência. Poder sensoriar a sensação de poder.
Investindo para o vazio tendo em frente um desafio nebuloso.E em paralelo, de alto a baixo, o suplemento das equivalências. Ser visto e promover. Voar, marca e veículo. Planar em outro plano, a quatro rodas. Sugerir o prodígio duma condução sem distâncias, sem limites.Terá a extensão do céu algum destino? Terá o estímulo da velocidade alguma origem? Que pernas se fazem à estrada? Que braços se suspendem do infinito?

31JAN2007