Thursday, February 15, 2007

Vestígios


Perdidos no deserto, há pés que se esvaem na areia, antes que o mar dissolva os corpos que encaminham através da exaustão. Todas as distâncias têm um dispêndio, é líquido que todas as costas têm um custo, para quem ousar o alcance em que se narra a fímbria que separa entre terra e água. E, se a quem nada, nada de bom aguarda, almejando o abismo, quebrar a obstinação das serras encerra o prazer de cortar ondas, na expectativa de uma estrada plana. O olhar que vê ao fundo, distinguindo vultos semoventes, entre a espuma e as rochas, contempla a mesma equidistância da sua fixação pelo balanceio alheio. E afinal estes vestígios, traçados em solo movediço, firmam também um percurso a solo, já transcrito. Até que uma vaga os torne imperceptíveis, diluindo para sempre a sua efémera passagem... Quem formulou um sentido para tais palavras? Quem procurou algo em algures, permanecendo suspenso num instante?

29JAN2007

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