Tuesday, January 30, 2007

Cansaço

Todos os caminhos vão dar a qualquer parte. Todos os pés precedem passos. Todos os passeios já foram percorridos. Todos os bancos retemperam dos cansaços.

Ainda há destinos que se encontram com entraves. Ainda há rumos que não foram construídos. Ainda há pernas vergadas pelo esforço. Ainda há corpos anónimos, perdidos.

Nesta cidade contrafeita pela pressa. Nesta cidade que tem dentro as suas margens. Nesta cidade virada contra o tempo. Nesta cidade em labirintos e muralhas.

Uma sombra acolhe-nos por fim. Uma réstia de luz traça um princípio. Uma espera traz consigo solidão ou refúgio. Uma paragem silencia a voz do precipício.

Porque nem sempre as palavras dizem tudo. Porque nem sempre é ausência o que se poisa. Porque nem sempre sente quem se senta. Porque nem sempre o olhar desvenda alguma coisa.

José de Matos Cruz 22JAN2007