Tuesday, January 30, 2007

Horizonte

Com um olhar múltiplo, procuro em vão a linha do horizonte. Ou um destino até onde hei-de ir. Ciente, cismo que todas as proximidades têm o alcance das maiores distâncias. Aqui, em quanto avisto, a paisagem é um desígnio paralelo de oportunidades aparentes. Céu e terra fundem-se no mesmo logro de uma natureza apenas, inequívoca, de texturas sobrepostas em contrastes e tonalidades. Diluindo-se para o etéreo, obscurecendo no que me é mais cerca. Além da alusão, persiste um azul de neurastenia, esvaindo-se, caprichoso. Aquém da ilusão, mal se distingue a fisionomia densa, estigmatizada de relevos, socalcos e, talvez, uma estrada. O firmamento corresponde à mística fortuita de umas quantas nuvens – quais franjas esbranquiçadas – pairando, a espairecer. A complexidade que me apela à vida está nos sucessivos recortes de montanha – as alturas, os abismos – a confrontar-me o imaginário e a jornada.

José de Matos Cruz 16JAN2007