
Sôfrega, a serpente de fogo lambe a crosta terrestre. Coleando sempre na horizontal, absorve toda a vida húmida. Interminável, torna este mundo um informe inferno.
É vistosa, luxuriante, arrepia. Precede-a uma lufada quente. Deixa cinzas, escombros, resíduos calcinados. No arfar das labaredas, leva consigo o elã virtual, fauna e flora.
Crepitam as chamas, com energia própria. É o capricho, já, de um monstro múltiplo, mutante, que no voraz mar de lume se consome e se consuma. Então, o braseiro alastra.
Só o homem emerge dos escombros ardentes. Magma e furor. Estrebucha, alardeia, vocifera, implora. Feito da costela ígnea, por espasmo de algum deus vulcânico.
Talvez o mesmo que lançou o anel de lava, de que a serpente se soltou a flamejar. Talvez uma criança enlouquecida, com a alma a queimar. Talvez um velho anjo em cremação.
15FEV2007
No comments:
Post a Comment